"Tudo que eu gostaria era que você estivesse aqui, você me faz fluir tão bem, veja só. Tudo que sei é que você deixa anestesiado, é sempre bom viver assim.
Desejo isso, alguém para dizer isso, alguém para confidenciar. Desejo isso.
Desejo isso toda hora, sem pensar até. Desejo poder falar tudo que fecho na boca que se enche de palavras que não podem sair sem um alvo conhecido por perto. Desejo poder mostrar o que vejo da janela do ônibus ou da calçada. Só gostaria que realmente estivesse por perto, alguém. Alguém por quem ligar, para quem ligar, para quem falar da saudade, da preguiça, dos estudos, da vontade de abraçar e não soltar mais.
Alguém para ver as coisas, junto, na tevê ou na paisagem, alguém que te permita emocionar. Que te permita sentir olho lotado d'água, suspiro na ponta do nariz e beijo no gatilho. Abraço quando chega, sai, vai e volta. Quando senta, abre a porta, fecha e senta na beira da cama.
Alguém que te acompanhe, seja hoje, ontem, mês inteiro ou pela vida, de agora em diante, e até que a morte nos separe. Alguém que te fale e te escute, te bronqueie, te bote nos eixos. Uma que te pegue, te cegue, te aconchegue. Te abrace, te sinta, te viva junto com você.
Um amor de novo, pra poder suspirar ao subir as escadas, sorrir ao abrir o chuveiro ou cantarolar abrindo o armário.
Um doce, uma pêra, um beijo seco, ou molhado também.
Um aperto no coração antes da viagem, outro aperto antes do aviso que "cheguei bem". Um amargo sentir de saudade e ciúmes. Um amargo jeito de querer brigar e não conseguir, não se render a tal baixeza sem razão. Mesmo que tenha, uma briga que não acontece, não anda, não faz. Não passa da cara feia, do nariz torcido. Que se torna abraço e sorriso e palavrões de mentira. Broncas falsas e raivas de papel.
Sinto isso toda hora, em casa, na rua, na cerveja e na biblioteca. Ida, vinda, aula e intervalo. Sinto e sinto falta disso em muito do que vejo, quando vejo algo que no fundo invejo; abraço no portão, beijo na esquina, de esquina.
Sinto falta do sentir, do esquentar, do amassar.
Sinto falta do sorrir o sorriso exclusivo de alguém.
Necessidade do falar, do dizer, do revelar aquilo tudo que está pulsando.
Não é reclamação, é só um desabafo, daqueles ditos ao bom amigo, que te entende e se cala por não saber o que dizer."
lindo texto!
ResponderExcluirsuper empático.