terça-feira, 15 de março de 2011

Depois dum tempão, volta pra lá

"Na conversa ao vivo tem sorriso e olhares, que são fundamentais pro entendimento das coisas todas, sabe?
Foi assim que tentou resumir sua vontade de estender as conversas que vinham tendo, que vinham fazendo acontecer de uma forma tão sutil e espontânea que nem chegava a lhe tirar o foco, como usualmente acontecia. Pelo contrário, lhe dava foco e rumo.

Tem feito assim; usando o foco que surge disso tudo, disso tudo na sua vida, que passou a se encaixar, pra levar adiante suas pernas, tocar o céu com outros dedos. Desde que descobriu que os gritos das crianças evaporam em cores diferentes no ar calorento de uma tarde de interior, não para de pensar nas suas tardes de infância. Suas tardes de interior, com seus devaneios inexplicáveis com brinquedos inverossímeis. Nessas tardes ele acompanhava o movimento do sol por sobre os dois prédios, depois por cima dos muros, onde ele subia pra ver até onde conseguiria acompanhar tamanha presença.
Desse alto daqueles muros, ele vislumbrava novos mundos, novos quintais com novas vós estendendo roupa ou colhendo couves na horta.
Novas hortas também. Nessas ele colhe sorrisos e olhares que brotam antes ou depois da chuva."

quarta-feira, 2 de março de 2011

"Sempre a eterna mania de gostar do que não deve.
Essa teimosia incessante para aquilo que sabemos que vai nos fazer mal.
Que vai nos deixar pra baixo e nos vai tirar a concentração do que tem de ser feito.
Que vai nos obcecar por um tempo, e depois vai esfregar na nossa cara que não deveríamos ter mexido ali e que por isso nos machucamos.
Se não nos machucamos, pelo menos nos distraímos mais que o permitido.

"me avisaram das ciladas, eu respondo calmamente, eu sei..." diz o rapper, cuidadoso. Me pergunto se respondo assim tão ciente do que ali está. Me pergunto se responderia assim tão calmamente a um prognóstico tão assustador.
O que fazer enquanto isso tudo corre à nossa frente?"