domingo, 30 de maio de 2010

"Hoje o dia teve música, do começo ao fim.
Preencheu e me encheu de sorrisos e refrões cantarolados. De estrofes inteiras cantadas a plenos pulmões, sem pressa ou vergonha de quem pudesse estar olhando.
Música de te acompanhar pelas calçadas, à medida que o vento bate na cara e as árvores fazem sombra nos carros.
Música que não conhecemos, que passamos a conhecer e músicas que nos surpreendem por serem tocadas.
Música feita na hora, com alma e sorriso, de novo.
Músicas que viram trilha sonora para a lua que desponta detrás de uma serra, num céu azul marinho ponteado aqui e ali de estrelas e aviões. Nessa hora gostaria, não nego, de ter alguém no abraço, para chegar no ouvido e, colando os rostos, mostrar o espetáculo lá em cima."

sábado, 29 de maio de 2010

Gato morto

"Hoje assisti a um monte de vídeos de internet, desde os que me fizeram gargalhar, passando pelos que me fizeram "fofuchar" e culminando fim de noite, num que me fez chorar. Chorar por constatação e por indignação. Chorar fundo e doído e sozinho.
Constatação por saber que onde estamos é ruim, egoísta e insensível. Indignação por constatar (sim, tem conexão com a constatação anterior) que existem pessoas que ainda pensam de maneiras medievais, irrevogáveis e incompatíveis com nosso ser, nosso fazer. Indignação por ver que a vida ainda exerce seu poder de "tapa na cara" de quem pára para assisti-la, não sobre quem a examina ou descreve sua sequência.
A vida, nós e os outros, todos eles, na árvore, recinto, home range ou planeta, pulsa e nos impele a lembrá-la. A toda hora. Ela não se importa que olhemos seus prodígios e nos surpreeendamos a cada passo. Ela sabe como nos sentimos. A vida nos sente e nos guia, por meio de cavernas escuras e vales floridos, ou por misturas de ambos e algo mais que não saberia explicar ou discriminar Algo que eu não me atrevo a fazer.
A vida nos pede que lembremos dela."

segunda-feira, 24 de maio de 2010

"É indo e vindo, desfazendo o tradicional, que percebemos a grandeza e a beleza de estar vivo. Por mais elementar e corriqueiro que possa parecer, tudo carrega consigo um poder inimaginável de mudança, de troca. De busca por melhoramento.
Nessas idas, nos raros momentos em que tudo se cala, descortinamos as dúvidas e assumimos os estados presentes. Nos vemos de fora, de longe, examinando todos os elementos da cena, analisando e extrapolando possibilidades para uma percepção cada vez mais profunda.
Tomamo-nos para ser como estamos. Como nos tornamos e devemos seguir.
Nos vemos melhores, mais firmes contra possíveis tremores. Temores.
Nos deixamos sair e ser, de forma única. Da única forma.
Relemos nossos parágrafos separando-os em novos textos, mudando a compreensão e mantendo o sentido.
Nos deixamos respirar e ver.
Nos pegamos querendo novas horas particulares. Idéias claras, necessárias para continuar fazendo o bem e o bom.
A vida traz à tona ela mesma, quando imaginamos estar tudo afundando."



*Com esta são 100 postagens aqui. Há um bom tempo, em tempos difíceis para mim, criei esse espaço, esse refúgio que faço para minhas emoções. Aprendi a usar as palavras de maneiras que não conhecia. Fiz mais amizade com elas do que antes, quando somente as lia. Agora as faço, as gravo - aqui ou no papel de verdade. Os tempos difíceis também fizeram e ainda fazem suas idas e vindas, mas agora me aproveito delas aqui.
Espero que consiga agradar, de alguma forma, quem dedica seu tempo a ler o que está aqui. Agradeço as visitas e os comentários, anônimos e assumidos, confesso que me alegram.
Mais uma vez, OBRIGADO.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Hoje senti mágoa.

"Mais uma vez contradigo a mim mesmo aqui. Falei que não ia falar, mas não tem como. Aqui é minha igreja, onde curo minhas feridas. Onde transbordo e deságüo.

Hoje passei raiva, de verdade, raiva de gerar rancor e de atrapalhar seu dia, estragar seus planos. Vinda de um lugar onde se esperaria pessoas menos ligadas a tantas vaidades. De pessoas que se mostraram não-pessoas. E se mostraram idênticas ao restante dessa raça nojenta na qual tenho que me incluir. Tenho que me categorizar.

Hoje repensei continuamente se é isso que desejo para mim...me agregar a essa corja suja, egoísta e falsa, que domina o horizonte das perspectivas. Repensei tudo, repensei o não desistir, o não se deixar abalar. Repensei a maturidade e a coragem, que acabam levando tudo ao ponto onde está agora. Vi exemplos claros da inversão do básico que meus avós e pais e amigos me ensinaram - respeito. Agradeço por ter nascido, crescido e convivido com pessoas com quem pratiquei esses conceitos abstratos e esquecidos.

Repensei a lógica das coisas, a lógica dos cotidianos e a insuportável e cansativa cultura do receio, do pé atrás, do comedimento. Vi rostos perderem a cor e gargantas engolirem em seco a partir do momento que levantei a mão. Vi sorrisos se desfazerem em "não-acreditos" e "como-assins".
Vi caras de velório, de segundo lugar em copa do mundo - caras de não saber onde enfiá-las. Caras de conhecimento prévio somadas a medo e apatia. Somadas a dependências e recomendações. Algumas caras de puro não-entendimento.
Também vi olhares de consternação e surpresa; vi alguma inquietação, mas não me atrevo a atribui-la a minhas colocações. Ou minhas heresias, a quem couber.
Chorei de raiva, lágrimas grossas, lentas. Frente ao único porto que avistei (e que se mostrou seguro). Porto que se mostrou um igual. Se mostrou mais humano, menos terreno e soldado a peças e publicações.

Infelizmente é isso o que tenho. Tenho uma passarela, uma casa de espelhos, uma fogueira das vaidades, onde se faz amizades, e também, colaboradores. Onde sua vivência pessoal, sua pessoa e seus sentimentos não valem, contam ou fazem sentido, com raras e sorridentes exceções.
Tenho também um livro não-escrito, cheio de páginas difíceis de ler, mas que me grudam e me fazem teimar.

Não sei minhas decisões futuras. Como já disse, repensei muita coisa e sinto que muitos de meus receios prévios se mostraram fundamentados. Senti que posso continuar do mesmo tamanho, sem preocupar com falta ou insuficiência.
Sejamos melhores calados e fazendo o bem.
Deve bastar."
"Deveria escrever algo aqui, para exteriorizar, como dizem por aí.

Não vai. Nem escrever, nem falar, nem desabafar de alguma forma voluntária.
Não vai deixar barato. Não vai deixar desmerecerem tua vida e luta.
Não vai atacar na mesma moeda. Não precisa, pessoas assim se atacam sozinhas, se mordem sozinhas.
Não vai baixar a cabeça nem desviar o olhar. Não vai ter sorriso ou palavra.
Não vai parar ou desistir. Não vai encarar como uma barreira. Não vai.
Não vai ter situação, nem desculpas nem ponderações. Não vai ter respeito.

Vai continuar a política, a opinião. Vai persistir o questionamento.
Vai aumentar desprezo e rancor.
Vai seguir mais forte, carrancudo e mau-encarado.
Vai transitar por onde bem entender. Pisa onde quiser aí dentro.

Se quiser, ele vai até aí te enfiar a mão na cara, filha da puta."

terça-feira, 18 de maio de 2010

Logo eu venho

"Tem o rumo definido, o café forte, passado e quase tudo escrito.
Mochila já quase cheia, as pilhas na lanterna e idéias nas pontas dos dedos.
Espera também por mais idéias. Melhores idéias, inéditas.
Parágrafos que ainda estão por terminar se juntam aos quilômetros do misto-quente de asfalto e chão batido ainda por pisar. Noites geladas talvez na beira da escada de um casario ainda incomum. Da mesma forma o fogão à lenha e a cama, ainda estranhos ao olhar.
Aguarda o silêncio e o barulho de mato. Prevê o silêncio e a algazarra dentro do peito.
Já dá o sorriso de ver o céu azul, de tremer no vento frio e de cheirar o verde do peitoral da janela.
Torce por fotografias novas, quem sabe? Sabe que tem muito a dizer e compartilhar, não vai deixar que tudo passe só por letras e tabelas. Sabe que as lembranças ainda estão por criar.
Estão ainda por lembrar.
Voltando eu te conto."

sábado, 15 de maio de 2010

"Sabe o dia que você quer alguém por perto só pra ficar calado? Para ter alguém que te acompanhe num silêncio longo e sincero.
Um dia, tarde e noite de silêncio, reflexão muda, concordância aos sorrisos e olhares.
Um ou vários momentos de simbiose, de fusão, de cumplicidade à mostra.
Sem rua, sem pressa, horário ou caminhos.
Só estar parado, atado.

Atado ou não, estou aqui, espero por você, que em um momento isso aconteça e se repita por noites sem fim.
Por muitos e muitos anos, atados."

quarta-feira, 12 de maio de 2010

sem graça

"tadpoles escaping from my hands, flowing under white bridges and flying over my bald head and jumping into the space between my dreams and my pillow. the lizards make noise while they drink endless beers and sing silent songs with their bifid tongues, smelling your scent that invades the house through the keyhole. your scent tonight is green and pink and makes all lights shine and spark with nymphs and bugs.
the clock says that it's late. the clock and not the rabbit. the rabbit has gone into his hole, taking some guys that wanted to see the matrix.

...e eu volto a pensar em português assim que o relógio bate suas onze horas, me enchendo com seus sininhos. Os grilos sumiram, e os foguetes do futebol, também. Os meninos pararam de jogar bola e agora jogam pedras nos passarinhos. Daqui a pouco espantam todos e quem sofre são as vidraças. Os ônibus sentem o frio e sacolejam mais que o normal, batendo suas partes soltas e ensurdecendo seu recheio de gente. O céu brinca de esconde-esconde entre as nuvens, deixando transparecer um pedacinho assanhado de azul de vez em quando. As letras brancas se embaralham na minha lente de óculos de aros pretos, e mil farelos esbranquiçados invadem o salão. Os violões dos seresteiros entopem os dedos com notas truncadas, derramam músicas de rádio AM no colo dos porteiros e das matronas cachaceiras debruçadas no balcão..."

terça-feira, 11 de maio de 2010

terminando com !

"Frio em Belo Horizonte é, na minha opinião, paradoxal. Muito. A cidade continua linda, cheia de vida, mas essa vida corre sempre em direção às salas, escritórios e outros locais quentinhos. Não sentem o vento que vem avisar de olhar para cima, pro céu azul e pro horizonte límpido. Não enfrentam os bancos gelados em troca do abraço morno do sol.
As pessoas se empertigam, ficam lindas mesmo, mais do que nunca, elegantes. Mas é algo exagerado. Frio em BH é algo que se resolve com moletom, mas dá para constatar que algumas sensações térmicas são importadas. Outro paradoxo; entendo perfeitamente que todos ficam à espera para tirar tudo do armário, o que é ótimo! Botar as cobertas no sol, os gorros e meias para lavar, pendurar cabides com sobretudos enormes virados do avesso. Mas BH fria não exige um casaco para escaladas everésticas nem botas para neve.
De qualquer forma, é inegável a presença do frio. Que traz à vista outros paradoxos, como os botecos lotados, calçadas cheias e conversas altas.
Faz bem esse frio, vindo assim de supetão, talvez faça esse gelo que se forma no coração de alguns se quebrar. Talvez numa dessas lagarteadas ao sol, o gelo derreta e a frieza evapore e faça transbordar um monte de abraços. Quem sabe faz sorrisos olhares e amores pela rua afora!"

segunda-feira, 10 de maio de 2010

"Muitas coisas na cabeça, de ontem hoje e outros dias além. Ocasiões que eu gostaria de escrever, descrever. Faltam-me memória e espaço. Resolva-se isso logo.
Surgem inúmeras idéias, assuntos, que eu gostaria de discutir com pessoas que vejo, hoje agora, como ausentes e faltosas. Gostaria ainda de conversar com você.
Realmente, cansei de toda essa urgência, essa pressa por algo intangível.
Cansei da auto-cobrança, idiota. Cansei da teimosia em concretizar tal idiotice.
Quero força para decidir."

sábado, 8 de maio de 2010

isso, hoje ontem já.

"Acho que é a vez que mais tarde posto aqui. É, são cinco e 15 da manhã e cheguei há pouco da rua, da obra, pra ser mais exato, e quem tiver que entender vai entender.
Encontrei o amigo, o cara que completa, que faz sair de casa, que faz motivar mutuamente, que pergunta e indica.
Encontrei gentes também, pequenas, vendendo "bis brancos" que compramos e ele comeu. Ganhou. Se satisfez.
Gente comum, fazendo a mesma coisa que eu e meu amigo.
Gente bonita, elegante, impecável, tem hora.
Gente que pisa no seu pé ou derruba cerveja gelada na sua canela.
Gente grande que empurra os outros, achando que é melhor que todos.

Volto pra casa revigorado, teimo em vir aqui, escrever. Me deparo com discretos abraços, saudades descaradas e um reconhecimento singular. Sutil e silencioso.
Volto, sento e escrevo, pensando em música e harpa, e vozes e no zumbido que o som alto, tocando "B-52's" criou no eu ouvido.
Nessa volta deixei partes que estavam já penduradas e também partes que não se soltavam de forma alguma.
Deixei as partes seguirem seu caminho, por onde devam percorrer, causando saudade, dor, sorriso e suspiro em quem quer que mereça.
Por que não, nós mesmos não merecemos tal agrado?"

quinta-feira, 6 de maio de 2010

"A cabeça dói, os olhos ardem e os ombros câimbram.
Cansaço diminui insignificativamente, mas a duração das viagens só aumenta.
Unhas crescem, saudade sem motivo, também.
Café novo, pão dormido e a mesma escova de dentes.
Sapo no saco, depois na caixa, dali pro formol.
Gente, gente e mais gente.
Gente que conserta o que me dá canseira, gente que se maquia dentro do ônibus, ficando mais bonita ainda. Gente legal, com conversa boa na saída e sorriso sincero. Gente que não responde email e gente que faz barulho no corredor.
Fazer o quê, né? É gente, gente e mais gente...

É, vendo por esse lado, até que ele não quer tanto mais que tudo se exploda."

quarta-feira, 5 de maio de 2010

"Ele anda meio que querendo que tudo se foda. Que se explodam convenções e estatutos. Mesmo que tais caracteres sejam seguidos à risca todos os dias. Por ele e por outros. Já explodiu vários, de falar mal da vida dos outros a parar de querer desesperadamente uma namorada ou alguém. Deixou de nutrir expectativas quanto a um futuro - próxio ou distante, que nunca terá como saber se vai haver; já que, vislumbrando ou divagando um futuro faz, invariavelmente com que este mude. O rumo potencial das coisas é sempre invisível, obscuro. Mas teimamos em repetir os "E se..." diários.
Ele gostaria de seguir, com calma, em direção às suas tarefas conhecidas, sem temor ou espera por paisagens seguintes, por possibilidades. Quer só ir, seguir o caminho, ser a flecha, o alvo e a trajetória, tudo numa coisa só, se é que isso é possível.
Quer parar de sentir-se cansado, esgotado, esmagado. Quer sentir-se e só.
E espera que isso baste."

segunda-feira, 3 de maio de 2010

lendo perfis

"Li pessoas que pensam lindo. Li pessoa que sente parecido, arrisco dizer igual. Li pessoa que não conheço, nunca falei, nunca abracei. Talvez já a tenha visto, já a tenha trocado calçada ou boteco.
Lendo tal pessoa repensei toda minha volta para casa. Volta sem escolhas, reta, direta. Nessa volta vislumbrei cenários, repensei passagens e fiz-me, mais uma vez, promessas que sei que não vou cumprir. Não essas; me falta o impulso, o empurrão, o encorajamento, a decisão alheia que te faz tocar adiante.
Falta algo e me castigo a não teimar em lembrar dessa "precisança".
Falta alguém e me obrigo a ler outros autores, imaginar outros pontos de ônibus sobre os quais ainda não divaguei.
Falta aquele abraço bom, parceiro, cúmplice.
Falta aquele gastar de créditos, aquele torcer por bônus, que bota reparo na distância, mesmo que por enquanto.
Falta aquilo tudo que já escrevi tantas vezes, daqui para baixo, sem vergonha nem expectativa.
Enquanto falta, sigo."