segunda-feira, 16 de maio de 2011

sobre uma pessoa. uma nova.

"It fits you, disse.

À primeira vez, nada despertou de inquietante, apenas o interesse pela novidade. Ouvida pelas bocas de outros, mostrou-se curiosa. E dedicada, talvez. Na tela, as fotos foram sucintas, diretas.
Pessoalmente, às sete da manhã, estava pronta para o trabalho e com pouca bagagem. Ainda quieta, no caminho, dormiu.
No escuro esquisito entre o fim do sol se por e da luz se acender, estava radiante de confiança. À partir daí, à noite, desabrochou e plantou uma semente no lugar mais propício.
Escreve, agora, na cama ao lado, e eu não durmo um minuto sequer."

*Caraça, 14/05/11

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Um retorno necessário



"Depois de um ano e cinco meses escrevendo grande parte do que me afligia, vejo o quanto se cresce em tão pouco tempo. Seja relendo, ou mesmo relembrando postagens antigas, repasso também as situações e as emoções que estava vivendo na época. Repasso uma linha de tempo inexata, errática.
Vejo por entre as linhas exatamente as pessoas que me acompanhavam nos escritos, na inspiração e nas lembranças. Vejo os apertos que vieram e se foram, desbafados no papel e transcritos para a tela, às vezes com olhos ainda úmidos de algum choro besta.
Por um bom tempo fiquei longe de escrever aqui, por falta de tempo e também por falta de algo que realmente merecesse vir parar aqui. Algo que seguisse a linha de tempo que falei há pouco; linha que acompanhou minhas mudanças de humores e amores. "Tem que ser algo bonito, bonito mesmo - eu pensava, adiando sempre que a vontade surgia e pedia pra ser escrita.

Hoje escrevo aqui, leve, sem pressa nem pretensão. Poderia escrever sobre a besteira que alguém teve a infelicidade de cometer comigo. Pra essa eu só digo que vi que há pessoas maiores. Poderia escrever sobre a correria do dia-a-dia, sobre a vida como ela é, sobre o escambau.

Mas hoje só saiu isso. Acho que tá bom, sabe?"

terça-feira, 15 de março de 2011

Depois dum tempão, volta pra lá

"Na conversa ao vivo tem sorriso e olhares, que são fundamentais pro entendimento das coisas todas, sabe?
Foi assim que tentou resumir sua vontade de estender as conversas que vinham tendo, que vinham fazendo acontecer de uma forma tão sutil e espontânea que nem chegava a lhe tirar o foco, como usualmente acontecia. Pelo contrário, lhe dava foco e rumo.

Tem feito assim; usando o foco que surge disso tudo, disso tudo na sua vida, que passou a se encaixar, pra levar adiante suas pernas, tocar o céu com outros dedos. Desde que descobriu que os gritos das crianças evaporam em cores diferentes no ar calorento de uma tarde de interior, não para de pensar nas suas tardes de infância. Suas tardes de interior, com seus devaneios inexplicáveis com brinquedos inverossímeis. Nessas tardes ele acompanhava o movimento do sol por sobre os dois prédios, depois por cima dos muros, onde ele subia pra ver até onde conseguiria acompanhar tamanha presença.
Desse alto daqueles muros, ele vislumbrava novos mundos, novos quintais com novas vós estendendo roupa ou colhendo couves na horta.
Novas hortas também. Nessas ele colhe sorrisos e olhares que brotam antes ou depois da chuva."

quarta-feira, 2 de março de 2011

"Sempre a eterna mania de gostar do que não deve.
Essa teimosia incessante para aquilo que sabemos que vai nos fazer mal.
Que vai nos deixar pra baixo e nos vai tirar a concentração do que tem de ser feito.
Que vai nos obcecar por um tempo, e depois vai esfregar na nossa cara que não deveríamos ter mexido ali e que por isso nos machucamos.
Se não nos machucamos, pelo menos nos distraímos mais que o permitido.

"me avisaram das ciladas, eu respondo calmamente, eu sei..." diz o rapper, cuidadoso. Me pergunto se respondo assim tão ciente do que ali está. Me pergunto se responderia assim tão calmamente a um prognóstico tão assustador.
O que fazer enquanto isso tudo corre à nossa frente?"

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

"Não sair com ideias, com vontades difíceis de se satisfazer. Não sair com vontades que te ponham a pensar.
Não deixar que o racional e o cotidiano não te façam vontade de chorar, e chorar quando tal vontade vier.
Não gostar assim, de repente, por causa de um sorriso ou afago ou abraço. Gostar por quem assim merecer e assim permitir."

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Darwin se enganou

"Seria legal viver antigamente. Seria?
Elogiar as pessoas seria tão difícil e ambíguo? Seria tão confuso e provocante?
Gostar das pessoas seria tão doloroso e utópico, onírico?
Seria o amor nessas épocas um item ou um estado?

Sem mais disso. Tudo muda a toda hora e adaptar-se é mentira.
Seleção natural e adaptabilidade são atributos que não humanos. Excluímo-nos, tal como em outros aspectos biológicos, por nossa própria culpa e vontade, a ordem destes não importando.

Sem mais."

domingo, 23 de janeiro de 2011

"Hoje é um bom dia para sentar em algum lugar e olhar longe."
"Ontem o mundo ainda estava anestesiado, sabe-se lá o por quê.
Por causa do céu sem tamanho e desmedido de beleza que me acompanhou por todos esses dia-e-meio que fui ali.
Talvez devido às ruínas de algo maior, mais intenso, que fizeram repensar muita coisa.
Ou por causa das linhas escritas sem pretexto e sem desculpa. Que diziam, sincera e mais que sabiamente, que " o bom estudioso é calado, pois conversa a todo momento com o infinito das coisas", ou algo parecido.
Anestesiado depois da lavada em água gelada que desfez um bocado de nós que insistiam em travar os ombros. Percebi que travavam os olhos também.

Mas, anestesia à parte, não bastou para evitar as canseiras, as asneiras, as merdas e tudo mais. Tudo que a anestesia te esconde e torna mais doído quando deixa você ver.
Quando te faz ver.
Quando se faz espelho e te mostra o que você poderia estar ganhando, ao invés de se perder. O que desperdiçam sem merecer, desfazem sem perceber."

Assim que acorda.

"De uma forma ou de outra, tudo acaba dando errado, ou pelo menos diferente do jeito que imaginamos fracamente ali, naquele pedacinho do corpo que nos guia e decide se o dia vai ser feliz ou triste. Enfim, foi diferente, fazer o que?
Foi diferente do que sugerem fazer bem, e muito mais estranho que geralmente costuma ficar."

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

"Outro dia reparei que me faz falta poder ver telhados. Isso, de cima. Não sei por que mas adoro olhar os telhados e as vidas que seguem ali. Sejam essas vivas ou não. Plásticas ou orgânicas. Sejam essas quais forem.

Gosto de ver os lagartos que se escondem embaixo de chinelos com as tiras arrebentadas.
Gosto de admirar as pequenas plantas que resolvem florescer na sujeira acumulada no bojo plástico de uma pipa velha caída ali.
Gosto de acompanhar o ciscar teimoso de pombas burras.
Tem horas que só o horizonte não basta aos olhos.

Talvez fosse melhor um horizonte com horizontes mais amplos e luminosos, com menos chuvas incertas e mais geadas surpresa. Mais horizontes coloridos, anunciando frio ou noite abafada.
Anunciando que toda essa canseira disfarçada, toda essa angústia idiota e teimosa vai se desfazer.
Avisando que o sol lá vem, seja na estrada, na janela, no caminho de casa.

Quero mesmo é que eu sorria."

sábado, 8 de janeiro de 2011

"Relendo alguns posts, reparei que nesse anonovo não escrevi nada ainda. Não sei a causa. Mas ainda nada me trouxe até estas linhas e teclas.
Releio posts com força pra relembrar cada imagem que quis botar no texto. Refaço os passos do processo e me vejo, quase, à beira da tela no dia em que fiz.

O anonovo não trouxe ainda a surpresa clichê prometida ano passado."