domingo, 23 de janeiro de 2011

"Hoje é um bom dia para sentar em algum lugar e olhar longe."
"Ontem o mundo ainda estava anestesiado, sabe-se lá o por quê.
Por causa do céu sem tamanho e desmedido de beleza que me acompanhou por todos esses dia-e-meio que fui ali.
Talvez devido às ruínas de algo maior, mais intenso, que fizeram repensar muita coisa.
Ou por causa das linhas escritas sem pretexto e sem desculpa. Que diziam, sincera e mais que sabiamente, que " o bom estudioso é calado, pois conversa a todo momento com o infinito das coisas", ou algo parecido.
Anestesiado depois da lavada em água gelada que desfez um bocado de nós que insistiam em travar os ombros. Percebi que travavam os olhos também.

Mas, anestesia à parte, não bastou para evitar as canseiras, as asneiras, as merdas e tudo mais. Tudo que a anestesia te esconde e torna mais doído quando deixa você ver.
Quando te faz ver.
Quando se faz espelho e te mostra o que você poderia estar ganhando, ao invés de se perder. O que desperdiçam sem merecer, desfazem sem perceber."

Assim que acorda.

"De uma forma ou de outra, tudo acaba dando errado, ou pelo menos diferente do jeito que imaginamos fracamente ali, naquele pedacinho do corpo que nos guia e decide se o dia vai ser feliz ou triste. Enfim, foi diferente, fazer o que?
Foi diferente do que sugerem fazer bem, e muito mais estranho que geralmente costuma ficar."

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

"Outro dia reparei que me faz falta poder ver telhados. Isso, de cima. Não sei por que mas adoro olhar os telhados e as vidas que seguem ali. Sejam essas vivas ou não. Plásticas ou orgânicas. Sejam essas quais forem.

Gosto de ver os lagartos que se escondem embaixo de chinelos com as tiras arrebentadas.
Gosto de admirar as pequenas plantas que resolvem florescer na sujeira acumulada no bojo plástico de uma pipa velha caída ali.
Gosto de acompanhar o ciscar teimoso de pombas burras.
Tem horas que só o horizonte não basta aos olhos.

Talvez fosse melhor um horizonte com horizontes mais amplos e luminosos, com menos chuvas incertas e mais geadas surpresa. Mais horizontes coloridos, anunciando frio ou noite abafada.
Anunciando que toda essa canseira disfarçada, toda essa angústia idiota e teimosa vai se desfazer.
Avisando que o sol lá vem, seja na estrada, na janela, no caminho de casa.

Quero mesmo é que eu sorria."

sábado, 8 de janeiro de 2011

"Relendo alguns posts, reparei que nesse anonovo não escrevi nada ainda. Não sei a causa. Mas ainda nada me trouxe até estas linhas e teclas.
Releio posts com força pra relembrar cada imagem que quis botar no texto. Refaço os passos do processo e me vejo, quase, à beira da tela no dia em que fiz.

O anonovo não trouxe ainda a surpresa clichê prometida ano passado."