quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Na janela veio visita.

"Ontem uma tristeza passou na minha janela. Botou a cara lá, mas só deu pra ver uma parte, porque era uma tristezinha daquelas miúdas, que deve ter precisado ficar na ponta dos pés pra tentar olhar aqui na sala, onde eu estava. Vi a cara dela ali, pidona de entrar. Acabou que fiquei parado, só olhando. Nos encaramos por alguns minutos, um esperando o próximo movimento do outro. Acabou que foi-se embora, vai saber para onde. Talvez tenha desistido da visita. 

Essas tristezas parece que gostam de andar um bocado em épocas de fim de ano. Não sei se é porque querem encontrar com os amigos e conhecidos, que nesta época costumam estar bem cansados e geralmente ficam em casa, escondidos do calor. Mas pensando bem, acho que andam muito porque nessas épocas tem tantos motivos que as façam ficar sem lugar, inquietas nas suas camas e casas, que daí resolvem sair, por calor ou solidão pra ver se acham alguém pra amolar.

Quem diria, tristezas solitárias procurando por alguém pra conversar. Isso lá é tema de texto?"

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Sobre outros meios de se ser

"Buscando sossego e rumo em meio a tanta memória, buscando que lhe abram as portas e o peito. Isso não acontece nunca, e doi constatar isso. O peito e as portas entre mais todas as coisas passíveis de serem abertas, quem abre é cada um que resolve não dever ou precisar permanecer no mesmo lugar. Quem abre é aquele que cansou da repetição e da dureza das saudades e memórias que coçam os dedos e incham os olhos. Quem abre é um por um, indo e vindo, deixando ir e fazendo vir. Quem abre é quem resolve andar sozinho e descalço. É quem grita por dentro, deixando sair a angústia num misto de suspiro e sorriso. Abre aquele que resolve ser outro, ser além do mais um, do mesmo. Abre portas para si mesmo e, ao passar por estas, deixa-as destrancadas, ou até mesmo entreabertas. Uma fresta para quem mais precisar poder usar, nem que seja para sentir o ar novo que vem dali, trazendo, talvez, coragem para abrir sua própria porta."

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

"O importante é deixar ir. Irem as saudades, os amores e os sorrisos. Em algum lugar bom eles vão parar e algum bem vão fazer. Na melhor das hipóteses, voltam outros. Vibrantes, cheios de manhãs."