"Uma caixa de fitas cassete. Em cima do guarda roupa. Várias, algumas novinhas, com capa e encarte, outras daquelas tradicionais, compilações de várias bandas, discos inteiros gravados, as faixas anotadas na capinha, lado A e B, logotipo desenhado na lombada. Umas outras, avulsas, ganhadas, esquecidas e surrupiadas, até.
Documentam uma ou várias épocas, desde quando se começa a ouvir e descobrir música. Mostram um caminho percorrido.
Um dia em especial.
Uma tarde quente bem curtida, suada.
Uma briga ou discussão, emoldurada pelo som que ali estava, acidentalmente, e que reveste toda a situação com perfeição.
Uma cerveja sozinho num boteco qualquer, skate no pé, fone no ouvido.
Outro caminho, com paradas e abraços.
Outro boteco, desta vez entre amigos, o que faz com que a fita vá parar no aparelho do lugar, que faz com que seja tocada a plenos pulmões.
Caminho de volta, pilha acabando, rotação lenta, gutural quase.
Uma ida à escola, logo pela manhã, sono nos olhos ainda, o som faz papel de café.
No intervalo, sozinho, lá vai ela de novo. Ajuda a manter o olhar disperso, sem se demorar em nada ou ninguém.
Fita que chega pelo correio, sem a capa de plástico, mas envolta em adesivos e encartes.
Fitas emprestadas, mal gravadas, inaudíveis, mofadas.
Fitas que acompanham épocas, tocam as coisas.
Fazem parte, quando não se misturam com a vida, mesclam-se a tudo que passamos e fazemos, todos os dias.
Me pergunto se não nos embolamos em quilômetros de fita."
é rapá;;; kilômetros de fita... imagino que cada fita traga na nossa memória as fitas que vivemos no passado.
ResponderExcluirVc tá mandando bem no blog.
Abraço!
Háaaaaa.. demais!
ResponderExcluiresses dias fui arrumar em cima do meu guarda-roupa e achei as minhas, por um leve segundo pensei em jogá-las fora... obsolescência...
mas não. são boas lembranças, doces e talvez não tão... mas nostálgicas.
parabéns pelo texto!