"Em questão de dias, um ou dois ou dez, tudo muda, ou pode mudar. Muda quando menos nos damos conta e não nos surpreende.
Tudo volta a ser simples, diário. Volta a ser aquilo que não nos pesa ou distrai. Volta ao básico, ao único.
Um sorriso que passa a nos acompanhar, uma idéia que nos faz lembrar de não parar, um desejo desconhecido que nos incita, calmamente, a buscar e permitir mais mudanças.
Uma rotina que nos toma, nos envolve em disposição e pressas, urgências. Uma folga, brecha que não é esperada nem desfrutada como se deveria.
A vida passa a ser simplesmente o dia, a tarde e a noite. A ida e a volta. Com surpresas, raivas e inquietações que não incomodam quando batem. O dia com chuva, com trânsito, com janelas e café. Com livros, canetas e vento morno. Com almoço fumegando na mesa, toalha esvoaçando na janela. Plantas com novos brotos, novos ramos que parecem nos indicar para onde olhar. Para além do comum, do habitual. Conversas e abraços, entrelaço de dedos, olhares cúmplices e sinceros. Sinceramente cúmplices. Cantos e músicas, copos e beijos. Sala escura e filme ruim, sorriso no escuro."
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