quarta-feira, 10 de março de 2010

"Quarenta minutos ou mais, todo dia, duas vezes, ida e volta. Numa boa, dá pra ir sentado, tranquilo até meu destino.
Tempo para acordar e começar a botar coisa nas linhas, coisa na cabeça.
Ouvindo coisas legais, cheias de palavras que ajudam a escolher coisas boas para incluir no cardápio do dia.
Ajuda a botar poesia no caminho, sabe?
Vendo o tamanho da cidade que não pára um segundo, desde cedo tudo acontecendo. Detalhes que devem passar despercebidos por alguns ou muitos. Percebo sorrisos em rostos ignorados e desconhecidos. Traz conforto ver que ainda existem espontaneidades no mundo.
Gente brincando com cachorro no ponto de ônibus, dando bom dia ao motorista, praças floridas e meio sonolentas. Padaria cheia, café cheirando longe e criança indo ao médico, de roupa nova e carrinho na mão. Isso na ida, cedo, tipo 7 da manhã.

Já na volta, a cabeça tá lotada, fervendo de idéias, conceitos e imagens. Planos para a parte da tarde, que vai ser recheada.
Lembro do que tem que ser feito, penso no que deve ter para o almoço...
Penso se alguém vai ligar ou se vou arriscar e ligar pra tal alguém pra causar sorriso e suspiro. De ambos os lados da linha.
Trânsito pauleira, buzina, pressa e paranóia. Tensão estampada na cara de todos. Acabam deixando passar detalhes também - bem-te-vi dando rasante para pegar inseto, casalzinho de velhinhos abraçados no banco da praça, sorrindo feito adolescentes um para o outro. Coisas legais de ver, já que nada anda e o calor aumenta.
Desço dois pontos antes, só pra me misturar na multidão, sumir nem que seja por alguns quarteirões..."

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