"Todos os dias acordamos com sede. Sede de repor as idéias que os sonhos nos gastaram.
Hoje acordei com sede também, só que não sabia do quê.
O dia foi passando e, por mais que tentasse, nada de esclarecer o porquê da sede. Achando que fosse de café, nessa se foi uma garrafa. Não era.
Mil idéias na cabeça, que parecia um ponteiro de bússola perto de várias crianças com ímãs. Nada de foco ou concentração.
Sim e não, vai ou fica, volta ou desfaz, grava ou apaga.
Uma pausa que não pausou e tudo na mesma.
Vontade de parar o tempo, para poder botar tudo em seu lugar, colar tudo em seu lugar. Travar as engrenagens e não deixar nada mudar. Fica só na vontade, de novo.
Mudanças de idéia e completo desgosto e desânimo pela vida alheia. Desprezo, até.
Planos mantidos, pelo menos isso. Não dá pra descartar tão boa promoção!
Chance de ver novas formas de ver, ter outros meios de se ter o que nunca se sabe o que é, quando não se acredita em muita coisa mais, mesmo que por curtos instantes.
Necessidade de suprir faltas que não existem, ou existem e não se declararam.
Plena confusão e inquietação.
Dizem que a vida é ilusão, mas acho que não. É só isso que nós temos, e que teimamos em achar, inventar, rotular sentidos metafísicos e definições mais confusas ainda. Estranhas.
É olhar pela janela e enfiar na cabeça que não há nada lá além do que a vista alcança. Não há um mundo secreto, cheio de respostas brilhantes para perguntas intrigantes e singulares. Não há mistérios ou revelações. Só a paisagem da janela, sem tirar nem por.
O que vier é produto da sua vontade de colocar mais coisas do que cabe ali. Criar mais pontos de fuga, onde só existe um. E essa fuga não vai te levar a um lugar melhor ou mais macio. Não vai ser algo que te confortará. Não será bonito nem silencioso.
Não será nada além do que você pensa, sente e vê.
Só isso, por mais seco e duro que pareça.
Contentemo-nos."
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