"Just close your eyes and wait 'cause another day is rising..." é o que diz uma música que ouço faz pelo menos uns dez anos. Tanto que a versão dela só existe em fita cassete, daquelas que estavam na caixa em cima do guarda roupa, dias atrás.
Apesar de terem se passado mais de dez anos, essa faixa sempre me surgia - me seguia ou guiava. Não percebia, mas várias vezes me flagrei dizendo, ou pensando nessa frase que escrevi logo acima.
Algo tão simples e tão bom. Tão verdadeiro. Digno de ser oferecido a um amigo que precisa, saiba ele ou não. Algo sincero que com certeza vai criar um sorriso em algum lugar.
É o tipo da música que te aparece numa viagem de ônibus, numa ida à biblioteca ou numa caminhada teimosa num domingo besta qualquer. Te surge e te supre, te transborda.
Te faz rir sozinho, sem motivo e te leva, de volta ou adiante, a lugares verdes e iluminados. Te põe pra pensar na verdade das coisas, na simplicidade curiosa da vida, corrida ou não. Te mostra, te prova que viver é simples, é bom e é fácil. Não vem com conversas babacas de que nós é que dificultamos, criamos problemas e exacerbamos emoções - só te faz ver que é bom, colocando à nossa frente vários motivos, razões inquestionáveis que te fazem, estranhamente, resignar-se sorrindo. Te fazem chegar na janela ou olhar para quem estiver do seu lado e sorrir.
Te faz dormir tranquilo, comer com aquela boca boa, boca de almoço em casa de vó, esperar o fim de semana ou o recado de uma pessoa para quem você tenta se fazer notar, convicto de sua bondade, vontade e capacidade de fazê-la sentir-se bem. Te faz querer um cachorro de novo, filhote ou adulto, para ter com quem conversar e brincar, feito filhote ou adulto, te leva àquela beirada de muro que se torna mirante. Te levanta a cabeça para olhar pro sol, fechando os olhos e sentindo o calor te inundar a testa e as bochechas. Faz estudar, ler, reler sem pressa ou mando, com prazer. Leva as tristezas velhas embora, deixando só a saudade destas que mandamos pra longe, para algum lugar onde elas não façam mal a ninguém. Faz desenhar sem saber, gostar sem querer.
Faz suspirar, perplexo, enfim."
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