"Mais uma noite que eu custei a dormir sem saber o motivo. Estava cansado, meu corpo pedia descanso, arrego, ao mesmo tempo que sentia falta de outro corpo, de outro ombro, cintura e braços enroscados em sua volta. Meu corpo, coitado, reagiu, recuou, colou-me à parede, na tentativa patética de simular alguém por perto. Só assim consegui dormir. Patético, mais uma vez.
Ainda assim tive um sono agitado e tenso, sonhei com tinta preta manchando coisas que não devia, cobrindo até minha visão. Sonhei que fugia, que me perseguiam, que eu estava em casa e que tinha meu cachorro de volta.
Acordei com um gosto estranho na boca, gosto que não sei definir - não era dos melhores.
Ainda estou estranho, comi sem vontade e um nó vem se contorcendo na garganta - mau sinal - hora de abrir as portas e as janelas, deixar ventilar e respirar.
Hora de procurar amigos e árvores, muros de arrimo da alma e do coração.
Hora de botar o pé no dia, sentir o cardápio de hoje e descobrir algo que me tire esse gosto ruim da boca."
(escrito durante uma crise de choro em Poços de Caldas, no mês de outubro - obrigado à pessoa que me ouviu e me tranquilizou quando eu precisei, obrigado mesmo!)
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