"No final das contas, eu não sei muita coisa mais não. Não sei se esse "não saber" é voluntário, propositado, por assim dizer. Não sei se é referência própria, se é ao modo como levei, levo ou gostaria de levar as coisas. Não identifico se é um descaso pelo dia-a-dia.
Mas esse "não sei" não é pesado nem negativo. É normal. Tem hora que vem como um vento que faz bater a porta, tem outra que mais parece um passarinho que passou voando lá fora na janela.
Acho que é a incapacidade de prever e a constatação de que não se pode direcionar.
É um impulso mudo, invisível, que puxa como se fosse uma corda muito, mas muito longa. Tão longa que nunca se sabe ao certo quem ou o quê está no nosso caminho. E se esse caminho pelo qual, teoricamente, devemos ou seguimos, é simples e sem pontas, sinuoso e espetado.
Como um amigo uma vez falou sobre algo que nos mostra que não temos noção do alvo a ser atingido, mas sim que somos a flecha lançada e que estamos indo em alguma direção, que seja.
Espero que toda essa inquietação inerte que sinto continue e que a placidez não se dissolva.
Isso me faz mais firme, no chão e nas nuvens.
Isso me dá mais forte nas brigas e nas paradas.
Isso deixa silêncio de sobra para ouvir essa música toda, linda, que não pára um segundo sequer e que não me sai das vistas como o amor que vem chegando lá no portão."
Nenhum comentário:
Postar um comentário