O céu tava tão azul que dava vontade de ficar olhando pra cima o tempo todo. E o sol, o vento e o cheiro do dia me puxaram pra fora de casa, direto pra rua.
Um dia tão luminoso que só que se via eram janelas abertas, cachorros na rua, de rabo abanando, criançada barulhenta e sorrisos nas calçadas. Todo mundo ficou bonito, feliz e elegante.
Ao mesmo tempo que não tinha, não fez falta uma mão pareada com a minha, ou um punhado de cabelos pra ganhar um cafuné meu. O dia lindo supriu e fez cantar com tanto sorriso e agradecer com tanto calor que as mãos ardiam de tanta palma depois de cada Adoniran Barbosa ou Nelson Sargento ou Cartola que saía daquele violão.
E eu ia atrás da notas, tentando pegá-las, como que com uma rede de quem caça borboletas. ia pegar e botar no travesseiro.
Ia deixar várias no bolso também, para distribuir a quem merecesse ou estivesse precisado.
Talvez tais notas serviriam de trilha sonora para minhas manias de flertar por aí, na luz bonita das seis e meia..."
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