segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Duvido que não vai abrir um sorriso


"Somos egoístas sim, sempre. Quanto a dinheiro, chocolates, amigos, livros e escovas de dentes. Egoístas quanto a sapatos e retratos. Três por quatro.
Egoísmos pessoais, profissionais e tudo mais. Egoístas com palavras, cores, sabores e lugares.
Até com amarguras e pesares somos egoístas. A minha dor é e sempre será maior que a alheia. Eu sofro mais, eu sinto mais, eu apanho e sou mais injustiçado que qualquer outra alma nesse mundo ou em outro.
Somos ou ficamos assim? Deixamos isso surgir e crescer involuntariamente ou adubamos essa erva a cada dia, hora, passo ou noite que sucumbimos? E por que não conseguimos desenraizá-la do canteiro? Por que sempre sobra espaço para esse egoísmo assentar?
Somos egoístas até com aquilo não nos é mais direito, não nos é mais comum ou passível de estimar, guardar, das vistas alheias ocultar.
Lembranças, medos, raivas e até sorrisos! Onde já se viu!? Não partilhar um sorriso deve levar direto ao inferno, aquele lá, quente que tanto dizem.
Mas aí te pego numa pergunta: e abraço? Você já viu alguém que não partilhe um abraço, um beijo ou um cheiro? Um brinde, uma risada na praça ou uma céu estrelado no escuro.
Isso tudo eu nunca vi ser segregado, pelo menos pra mim, que sempre que tenho a ventura de achar ou ser presenteado com algo assim, já vou logo espalhando aos quatro, cinco, todos os ventos em todas as janelas, que se não estiverem abertas, que faço abrir para berrar o que encontrei!
Espalho a fofoca dos meus achados diários; gente, bicho, planta e céu. Brigadeiro, refrigerante, figurinha e tomatinho-mijão nascido sem querer no canteiro. Tronco de jabuticabeira branco em flor, rabo abanando com o dono de barriga pra cima, lasanha, nhoque, gengibre e música.
Um algo morno que te esconda protegendo, te acalme incendiando ao redor, que coloca tua alma nos eixos e teu coração na oficina..."

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