"Hoje tive um sonho bom.
Nesse sonho tinha uma saudação e um abraço, que trouxe junto um beijo na bochecha, super macia, por sinal. Daí veio outro beijo, daqueles meio atravessados, que foi pra perto da orelha. De lá os lábios desse alguém traçaram seu caminho até os meus, levantando aromas de flor por onde passaram. Flor de pitanga.
Um beijo manso, quase em câmera lenta, intercalado pela coisa mais bela que já ouvi em sonho, e que vou escrever aqui e dizer para o primeiro alguém que merecer. Sussurrada ao pé do ouvido, como um segredo de estado.
- É muito bom poder sentir teu gosto junto do meu.
Sem mais para o momento, extasiado fico, pensando quem seria esse alguém do sonho e se alguém igual virá.
Quando descobrir eu conto."
terça-feira, 31 de agosto de 2010
domingo, 29 de agosto de 2010
...
"Depois do sumiço de três dias, me chego à cadeira e vejo notícias e novidades de tirar o fôlego.
Não que o sumiço não o tenha me tirado antes, como nas fotos do post abaixo. Tirou e repôs, inflou de novo os pulmões que ofegavam por vento. Vento que me abafou os ouvidos para ouvir o silêncio lá longe, no cerrado.
Vento que sacudiu os bambus ao lado da casa, fazendo arrepiar e ansiar pelo jantar fumegante. Esse mesmo vento levou as nuvens para outro lugar que precisasse delas e nos deixou embaixo de um céu que, sem muito esforço, me deixou sem palavras.
Talvez fosse o vento, também, responsável por um presente inesperado, uma lembrança da grandeza do todo que contém o vento. Um presente frágil, juvenil, mas com uma força estupenda, uma energia impossível de contenção, que irradia pelo teu braço e te inebria e te amolece.
- Obrigado, pensei olhando para meu pulso, onde algo mais pulsava em sintonia.
Espero que essa grandeza que senti, assisti, toquei e agradeci, sirva a quem eu sei estar precisando.
Que sirva de abraço. Daqueles de saudade, preocupação e abrigo.
Que faça cafuné. Daqueles gentis e brincalhões.
Que aqueça. Como café e lenha no fogão.
Que anime. Igual fazem sorrisos misteriosos.
Que te empurre para a cama com uma certeza um pouco maior de que as coisas vão se resolver."
Meu eu de antes; que alguma dessas palavras te afaguem e acalmem.
Não que o sumiço não o tenha me tirado antes, como nas fotos do post abaixo. Tirou e repôs, inflou de novo os pulmões que ofegavam por vento. Vento que me abafou os ouvidos para ouvir o silêncio lá longe, no cerrado.
Vento que sacudiu os bambus ao lado da casa, fazendo arrepiar e ansiar pelo jantar fumegante. Esse mesmo vento levou as nuvens para outro lugar que precisasse delas e nos deixou embaixo de um céu que, sem muito esforço, me deixou sem palavras.
Talvez fosse o vento, também, responsável por um presente inesperado, uma lembrança da grandeza do todo que contém o vento. Um presente frágil, juvenil, mas com uma força estupenda, uma energia impossível de contenção, que irradia pelo teu braço e te inebria e te amolece.
- Obrigado, pensei olhando para meu pulso, onde algo mais pulsava em sintonia.
Espero que essa grandeza que senti, assisti, toquei e agradeci, sirva a quem eu sei estar precisando.
Que sirva de abraço. Daqueles de saudade, preocupação e abrigo.
Que faça cafuné. Daqueles gentis e brincalhões.
Que aqueça. Como café e lenha no fogão.
Que anime. Igual fazem sorrisos misteriosos.
Que te empurre para a cama com uma certeza um pouco maior de que as coisas vão se resolver."
Meu eu de antes; que alguma dessas palavras te afaguem e acalmem.
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
caneca vazia de café
"Tá esquisito. Estranho e desconfortável.
Desde quando acabou a aula e pisei nos corredores? Talvez, não sei precisar. Não, antes um pouco...zumbido nos ouvidos, vontade de que o mundo se calasse e eu pudesse ouvir só o vazio na minha cabeça e o frio na minha barriga. Dessa forma eu poderia, quem sabe, descobrir a causa de ambos.
Frio na barriga igual quando entrava aluna nova na sala e você se apaixonava imediatamente. Igual mas diferente, porque não estava em sala e não tinha aluna nova. Diferente também porque é algo que justamente tenho me feito evitar; gostar e pensar em ficar a fim de alguém agora. De igual mesmo só o frio na barriga.
Senta no ônibus não há música no rádio que te faça sentir melhor ou que remeta a lugares mais legais. Tudo na rua fica melancólico apesar do céu azul, lindo.
Volta a mesma imagem na mente, da professora apresentando a Fernanda, lembro até hoje. Era mesmo uma gatinha, que não deu a mínima para o que eu ou alguém mais pudesse estar pensando. Mas enfim...
O negócio é que tem algo entalado e não consegui identificar onde está e o que é.
Deve ser o dilema que tanto falam, entre a razão e o coração, aquelas coisas todas coisas que ninguém entende, nunca. Será que é uma necessidade orgânica de ter alguém, que bate de frente com a vontade de ter foco para fazer o que precisa.
Existe um meio termo nisso? Existe uma condição que concilie? Existe um lugar que acolha os dois sentimentos?
Se for realmente um gostar, porque esse gostar "oculto"? Se for um conflito, que partes estão em atrito? E se referindo a quem? O quanto os olhos têm que ser mais abertos para que se consiga enxergar tais formas?
Ou será que tenho é que fechá-los de uma vez por todas?"
Desde quando acabou a aula e pisei nos corredores? Talvez, não sei precisar. Não, antes um pouco...zumbido nos ouvidos, vontade de que o mundo se calasse e eu pudesse ouvir só o vazio na minha cabeça e o frio na minha barriga. Dessa forma eu poderia, quem sabe, descobrir a causa de ambos.
Frio na barriga igual quando entrava aluna nova na sala e você se apaixonava imediatamente. Igual mas diferente, porque não estava em sala e não tinha aluna nova. Diferente também porque é algo que justamente tenho me feito evitar; gostar e pensar em ficar a fim de alguém agora. De igual mesmo só o frio na barriga.
Senta no ônibus não há música no rádio que te faça sentir melhor ou que remeta a lugares mais legais. Tudo na rua fica melancólico apesar do céu azul, lindo.
Volta a mesma imagem na mente, da professora apresentando a Fernanda, lembro até hoje. Era mesmo uma gatinha, que não deu a mínima para o que eu ou alguém mais pudesse estar pensando. Mas enfim...
O negócio é que tem algo entalado e não consegui identificar onde está e o que é.
Deve ser o dilema que tanto falam, entre a razão e o coração, aquelas coisas todas coisas que ninguém entende, nunca. Será que é uma necessidade orgânica de ter alguém, que bate de frente com a vontade de ter foco para fazer o que precisa.
Existe um meio termo nisso? Existe uma condição que concilie? Existe um lugar que acolha os dois sentimentos?
Se for realmente um gostar, porque esse gostar "oculto"? Se for um conflito, que partes estão em atrito? E se referindo a quem? O quanto os olhos têm que ser mais abertos para que se consiga enxergar tais formas?
Ou será que tenho é que fechá-los de uma vez por todas?"
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Simples assim.
"Você anda na rua e ganha um sorriso inesperado de uma mina linda e nada discreta quanto a te olhar. Só isso já basta para te botar nas nuvens durante o resto do entardecer.
Você ajuda as pessoas sem interesse e recebe uma demonstração de apreço tão bacana, que te deixa boquiaberto, pela raridade de tal coisa nos dias de hoje.
Você recebe um convite inusitado, que te faz ver as coisas por outro viés, o que te faz acordar de uma maneira diferente.
Presencia mostras sutis do reconhecimento de suas competências, e isso te dá mais gás na corrida.
Consegue fazer seu serviço render de uma maneira incomum, sem precisar, para isso, correr ou se atolar em papéis. Aí você percebe que sabe o que te ensinaram e o que porventura tenha aprendido sozinho.
Percebe que perdeu a preguiça de levantar os olhos para olhar o céu, azul e quente dessas tardes de agosto.
Nota que passou a apreciar os sabores, aromas e texturas mais do que antes, quando anestesiava seus sentidos com cerveja e comia por comer.
Sente que tem um entendimento muito mais refinado das coisas, que só aparece quando se está calado, observando detalhes.
Nota que o vento está mais doce.
Que os cachorros estão abanando mais o rabo.
Que logo vai ter jabuticaba e pitanga.
Que logo vai dar pra pegar a estrada, tanto para perto quanto para longe.
E que quando for, vai ter gente feliz por isso.
E ainda, que vai trazer um monte de fotos.
incrível o que uma volta no quarteirão te faz..."
Você ajuda as pessoas sem interesse e recebe uma demonstração de apreço tão bacana, que te deixa boquiaberto, pela raridade de tal coisa nos dias de hoje.
Você recebe um convite inusitado, que te faz ver as coisas por outro viés, o que te faz acordar de uma maneira diferente.
Presencia mostras sutis do reconhecimento de suas competências, e isso te dá mais gás na corrida.
Consegue fazer seu serviço render de uma maneira incomum, sem precisar, para isso, correr ou se atolar em papéis. Aí você percebe que sabe o que te ensinaram e o que porventura tenha aprendido sozinho.
Percebe que perdeu a preguiça de levantar os olhos para olhar o céu, azul e quente dessas tardes de agosto.
Nota que passou a apreciar os sabores, aromas e texturas mais do que antes, quando anestesiava seus sentidos com cerveja e comia por comer.
Sente que tem um entendimento muito mais refinado das coisas, que só aparece quando se está calado, observando detalhes.
Nota que o vento está mais doce.
Que os cachorros estão abanando mais o rabo.
Que logo vai ter jabuticaba e pitanga.
Que logo vai dar pra pegar a estrada, tanto para perto quanto para longe.
E que quando for, vai ter gente feliz por isso.
E ainda, que vai trazer um monte de fotos.
incrível o que uma volta no quarteirão te faz..."
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Duvido que não vai abrir um sorriso
"Somos egoístas sim, sempre. Quanto a dinheiro, chocolates, amigos, livros e escovas de dentes. Egoístas quanto a sapatos e retratos. Três por quatro.
Egoísmos pessoais, profissionais e tudo mais. Egoístas com palavras, cores, sabores e lugares.
Até com amarguras e pesares somos egoístas. A minha dor é e sempre será maior que a alheia. Eu sofro mais, eu sinto mais, eu apanho e sou mais injustiçado que qualquer outra alma nesse mundo ou em outro.
Somos ou ficamos assim? Deixamos isso surgir e crescer involuntariamente ou adubamos essa erva a cada dia, hora, passo ou noite que sucumbimos? E por que não conseguimos desenraizá-la do canteiro? Por que sempre sobra espaço para esse egoísmo assentar?
Somos egoístas até com aquilo não nos é mais direito, não nos é mais comum ou passível de estimar, guardar, das vistas alheias ocultar.
Lembranças, medos, raivas e até sorrisos! Onde já se viu!? Não partilhar um sorriso deve levar direto ao inferno, aquele lá, quente que tanto dizem.
Mas aí te pego numa pergunta: e abraço? Você já viu alguém que não partilhe um abraço, um beijo ou um cheiro? Um brinde, uma risada na praça ou uma céu estrelado no escuro.
Isso tudo eu nunca vi ser segregado, pelo menos pra mim, que sempre que tenho a ventura de achar ou ser presenteado com algo assim, já vou logo espalhando aos quatro, cinco, todos os ventos em todas as janelas, que se não estiverem abertas, que faço abrir para berrar o que encontrei!
Espalho a fofoca dos meus achados diários; gente, bicho, planta e céu. Brigadeiro, refrigerante, figurinha e tomatinho-mijão nascido sem querer no canteiro. Tronco de jabuticabeira branco em flor, rabo abanando com o dono de barriga pra cima, lasanha, nhoque, gengibre e música.
Um algo morno que te esconda protegendo, te acalme incendiando ao redor, que coloca tua alma nos eixos e teu coração na oficina..."
Fui...
"Agora há pouco cheguei à conclusão que não vou mais.
Não vou correr atrás de quem parece estar esperando por isso.
Não vou mandar mensagem, email, recado ou sei lá mais o quê.
Não é nada pessoal, quer dizer, pessoal entre eu e alguém, é pessoal só pra mim.
Eu, faz pouco tempo, não senti mais firmeza, sabe? Senti, na verdade, que te agrada ver que gostam de você. Tem hora que parece que te agrada falar um "não" debochado na cara de quem, por acaso se declare. Por isso não vou.
Não vou também esperar sentado que a providência me traga as coisas. Vou buscá-las, bem à vista de todos. Tal qual fiz esses dias, sem receio ou timidez.
Vou buscar o que é meu por direito, estando meu nome escrito ou por escrever.
As ferramentas e oportunidades já existem, basta arregaçar as mangas e começar a cavar.
Para isso sim, eu vou. Aliás, já estou a caminho e não pretendo parar ou voltar atrás. Tampouco esperar por quem quer que seja.
Se por acaso precisar, tente seguir meus passos e subir as pedras que transpus. Não sei se vai conseguir, mas nada o impede de tentar; ficarei até feliz por servir de inspiração.
Chegou a hora de ir, mas não onde você ou qualquer outro possa esperar."
Não vou correr atrás de quem parece estar esperando por isso.
Não vou mandar mensagem, email, recado ou sei lá mais o quê.
Não é nada pessoal, quer dizer, pessoal entre eu e alguém, é pessoal só pra mim.
Eu, faz pouco tempo, não senti mais firmeza, sabe? Senti, na verdade, que te agrada ver que gostam de você. Tem hora que parece que te agrada falar um "não" debochado na cara de quem, por acaso se declare. Por isso não vou.
Não vou também esperar sentado que a providência me traga as coisas. Vou buscá-las, bem à vista de todos. Tal qual fiz esses dias, sem receio ou timidez.
Vou buscar o que é meu por direito, estando meu nome escrito ou por escrever.
As ferramentas e oportunidades já existem, basta arregaçar as mangas e começar a cavar.
Para isso sim, eu vou. Aliás, já estou a caminho e não pretendo parar ou voltar atrás. Tampouco esperar por quem quer que seja.
Se por acaso precisar, tente seguir meus passos e subir as pedras que transpus. Não sei se vai conseguir, mas nada o impede de tentar; ficarei até feliz por servir de inspiração.
Chegou a hora de ir, mas não onde você ou qualquer outro possa esperar."
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Liste-se
"Tem hora que vemos como as coisas são simples, como se traduzem em coisas simples. Como são coisas simples em essência.
Uma amiga me disse hoje: "a vida ensaiou umas respostas que sabia que iam agradar!" e é isso que justamente penso e peço agora, para mim e para todos, para uma pessoa em especial, que a vida nos dê essa resposta boa. Que nos permita esse agrado, esse afago, para que possamos continuar fazendo o que nos fez chegar até aqui, hoje, agora. Para que nos permita fazê-la cheia de coisas simples e maravilhosas. Belas e terrivelmente complexas.
Múltiplas.
Deixo aqui meu pedido a quem interessar possa. E a quem resolver caiba.
A minha parte eu deixo aqui, anotada, transcrita dos meus olhos que marejaram agora há pouco, por lembrança e por incapacidade para forçar o bem a acontecer.
Deixo aqui minha lista:
- um abraço apertado, daqueles que cobrem a gente, nos permitindo sumir do mundo por uns instantes;
- uns beijos, variados, que despertem e adormeçam, cada um à seu modo e hora;
- um bom punhado de olhares mornos, dedos cúmplices e cafunés inebriantes;
- sorrisos sem rótulo, orgânicos, colhidos no pé;
Imagino agora quem já fez a sua lista de amanhã ou "de amanhã-em-diante"; se não fez, tudo bem, copia a minha, ou me avisa, que eu trago tudo isso em dobro!"
Uma amiga me disse hoje: "a vida ensaiou umas respostas que sabia que iam agradar!" e é isso que justamente penso e peço agora, para mim e para todos, para uma pessoa em especial, que a vida nos dê essa resposta boa. Que nos permita esse agrado, esse afago, para que possamos continuar fazendo o que nos fez chegar até aqui, hoje, agora. Para que nos permita fazê-la cheia de coisas simples e maravilhosas. Belas e terrivelmente complexas.
Múltiplas.
Deixo aqui meu pedido a quem interessar possa. E a quem resolver caiba.
A minha parte eu deixo aqui, anotada, transcrita dos meus olhos que marejaram agora há pouco, por lembrança e por incapacidade para forçar o bem a acontecer.
Deixo aqui minha lista:
- um abraço apertado, daqueles que cobrem a gente, nos permitindo sumir do mundo por uns instantes;
- uns beijos, variados, que despertem e adormeçam, cada um à seu modo e hora;
- um bom punhado de olhares mornos, dedos cúmplices e cafunés inebriantes;
- sorrisos sem rótulo, orgânicos, colhidos no pé;
Imagino agora quem já fez a sua lista de amanhã ou "de amanhã-em-diante"; se não fez, tudo bem, copia a minha, ou me avisa, que eu trago tudo isso em dobro!"
terça-feira, 10 de agosto de 2010
tal qual a luz na foto.
"No final das contas, eu não sei muita coisa mais não. Não sei se esse "não saber" é voluntário, propositado, por assim dizer. Não sei se é referência própria, se é ao modo como levei, levo ou gostaria de levar as coisas. Não identifico se é um descaso pelo dia-a-dia.
Mas esse "não sei" não é pesado nem negativo. É normal. Tem hora que vem como um vento que faz bater a porta, tem outra que mais parece um passarinho que passou voando lá fora na janela.
Acho que é a incapacidade de prever e a constatação de que não se pode direcionar.
É um impulso mudo, invisível, que puxa como se fosse uma corda muito, mas muito longa. Tão longa que nunca se sabe ao certo quem ou o quê está no nosso caminho. E se esse caminho pelo qual, teoricamente, devemos ou seguimos, é simples e sem pontas, sinuoso e espetado.
Como um amigo uma vez falou sobre algo que nos mostra que não temos noção do alvo a ser atingido, mas sim que somos a flecha lançada e que estamos indo em alguma direção, que seja.
Espero que toda essa inquietação inerte que sinto continue e que a placidez não se dissolva.
Isso me faz mais firme, no chão e nas nuvens.
Isso me dá mais forte nas brigas e nas paradas.
Isso deixa silêncio de sobra para ouvir essa música toda, linda, que não pára um segundo sequer e que não me sai das vistas como o amor que vem chegando lá no portão."
domingo, 8 de agosto de 2010
O fim da tarde que fez...
"Ontem teve samba do início ao fim do dia. Teve cerveja também.
O céu tava tão azul que dava vontade de ficar olhando pra cima o tempo todo. E o sol, o vento e o cheiro do dia me puxaram pra fora de casa, direto pra rua.
Um dia tão luminoso que só que se via eram janelas abertas, cachorros na rua, de rabo abanando, criançada barulhenta e sorrisos nas calçadas. Todo mundo ficou bonito, feliz e elegante.
Ao mesmo tempo que não tinha, não fez falta uma mão pareada com a minha, ou um punhado de cabelos pra ganhar um cafuné meu. O dia lindo supriu e fez cantar com tanto sorriso e agradecer com tanto calor que as mãos ardiam de tanta palma depois de cada Adoniran Barbosa ou Nelson Sargento ou Cartola que saía daquele violão.
E eu ia atrás da notas, tentando pegá-las, como que com uma rede de quem caça borboletas. ia pegar e botar no travesseiro.
Ia deixar várias no bolso também, para distribuir a quem merecesse ou estivesse precisado.
Talvez tais notas serviriam de trilha sonora para minhas manias de flertar por aí, na luz bonita das seis e meia..."
sábado, 7 de agosto de 2010
samba de aurora
"Escrever de manhã é sinal de unha encravada ou de zica no caminho. Parece crendice popular, sol com chuva, casamento de viúva. Mas então, sinal de que algo muito bom vai acontecer ou algo de muito chato está incomodando. Infelizmente fico com a segunda opção, mas vou tentar não deixar transparecer (mentira).
Acontece que acordei refazendo os passos que dei ontem, certos ou errados, diga-me quem tiver presenciado. A princípio, o que me tirou da cama foi o desvio de rumo, porque "não há outros motivos pra atrasar objetivos mais precisos" que te faça mais mal quanto aquele que te bota fazendo papel de bobo e de algo que você não é.
Aí tudo isso que você escutou sem precisar, sem ter dado motivo ou deixa para que falassem, te faz sentir feito um sapo trouxa que se deixou ser pego e socado dentro dum pote. Te faz sentir um mané, strictu sensu, que, mais uma vez, desvia tão facilmente dos objetivos.
Depois inventa moda, tentar reparar coisas que não aconteceram, à distância e fora de hora. E faz isso sabendo que não vai funcionar.
Sorte que depois de tudo vem um frase, uma só, que te enche os olhos e te faz precisar dum abraço. Daí toca um samba lindo e você vê que isso é que faz a poesia de viver.
E você vê que não fez nada de errado, não magoou ninguém.
Vê que você só foi você."
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Faça bom uso
"Relendo muito do que já resolvi escrever, aqui e em papéis na gaveta, vejo que durante todo esse tempo tenho relido a mim mesmo, a cada parágrafo que sai. Me agradando ou não, os parágrafos me servem de espelho, de apoio e de bronca.
E me relendo eu me resolvo, me defino e me aquieto. Paro de ficar caçando sarna pra coçar e trato de curar as que ainda coçam, seja com ivomec ou cachaça. Não sei qual dos dois tem funcionado melhor, mas garanto que surtem efeito.
Outras coisas também têm surtido tanto ou mais efeitos que o previsto.
Curas milagrosas que se encontram em qualquer esquina, ônibus ou caixa de email. Remédios e pajelanças ancestrais, infalíveis em qualquer caso, seja crise de riso ou ataques de choro. Curam amores doídos, saudades que beliscam e vontades que tiram o sono.
Pra essa medicina, mais que popular e tradicional, não precisa ingredientes miraculosos, trazidos de reinos distantes por andantes cavaleiros. E não tem o risco de ser levado à fogueira por inquisidores invejosos.
Cura-se rápido, mas nem sempre indolor. O choro pode ser parte integrante, porém indispensável e responsável pela cura em muitos dos casos.
Esse remédio não tem na farmácia, mas também não tem contra-indicação. Overdose dele não é letal, mas o oposto.
Recomenda-se tomar com abraços, carinhos, cafunés ou beijocas. Com todos juntos também vale, mas já aviso que esquenta mais que febre e desnorteia mais que pinga.
De qualquer forma, vale a pena."
terça-feira, 3 de agosto de 2010
e não é que é?
"Bom, quando me dei conta que estava ouvindo música, percebi que eram uns doidão lá de Seattle que tocavam o terror no palco e onde quer que estivessem.
Depois, começei a escutar cinco cabeludos da Inglaterra, que tinham um zumbi por mascote. É, zumbi, isso mesmo.
Depois desses, ouvi outros cabeludos, também do Reino Unido, onde o cantor gostava de comer morcegos vivos. Daí descobri uns caras aqui de BH mesmo, que faziam um puta som da pesada! Eram quase vizinhos e eu não sabia. Nessa época me apresentaram uns figuras americanos que tocavam musiquinhas mais curtas, impossíveis de esquecer, igual calçar o allstar pra ir pra escola. Não dei muita bola no começo, mas como eu disse, não parava de cantar as músicas deles um segundo sequer. A partir disso foi uma cacetada de bandas de cabeludos, bem pesadas, umas tinham logotipos tão embaraçados quanto o cabelo dos respectivos integrantes.E se não me engano, essas eram bandas dos estaduzunidos, em sua maioria, rs.
O que mais gostei de ouvir foi um negão canhoto nascido em Seattle e morrido em Londres. Esse
tocava guitarra que era uma beleza! Até hoje arrepio escutando o que ele aprontava.
Conheci gente nova, e com isso, banda nova. Dessa vez foram uns malucos da Califórnia, que tocavam bem rápido e com poucos acordes. Bem legal, dava pra agitar um bocado! Daí ouvi também uns mulekes da Inglaterra, todos cheios de alfinetes e tal...legalzim o som. Mas o som dos quatro de calça jeans e couro era melhor, sem dúvida! Fui procurar mais coisa parecida, e acabei chegando a coisas da Bélgica, Holanda, Alemanha e tal, muito mais rápido, com pouquíssimos acordes também. E como gritavam, os danados! Nessa levada, chegou na minha mão um disco duns conterrâneos, onde até esmeril virava instrumento.
Aos poucos fui descobrindo umas bandas que faziam um som meio que parecido, mas melhor que os caras da Europa. Tinha uma galera da boa em São Paulo capital, ABC paulista, e acabei conhecendo gente que nem eu e que também queria fazer um som parecido, gente de norte a sul do Brasil, só que nós gravávamos em fita. E era um tal de manda fita pra lá, recebe fita de cá...
Nessa mesma época, talvez paralelamente, me veio a vontade, sei lá de onde, de saber o que diabos um véio barbudo, alagoano dos brabo, fazia de som. Foi a melhor coisa que já tinha ouvido até então, depois e junto com o canhoto-guitarrista.
Junto com esse fui atrás de outros malucos que tocavam trompete, piano, sax e afins, tanto gringos quanto brasileiros. Ouvi uns caras que mandavam bem no violão, bem melhor que os cabeludos nas guitarras.
Passei por uns caras, três amigos, garotos ainda, de NY, depois outros dois, que pelo nome deviam ser irmãos, e que a química entre eles era bem bacana. Prodígios, uns caras e uma mina, que eram da Alemanha (mas que não podiam tocar lá), que aprontavam uma zueira dos infernos, boa!
E mais tantos doidões fazendo música sem instrumentos de verdade. Até ir ouvir os caras tocarem no meio do mato, de madrugada eu fui, a pedido de uma ex-namorada.Dessa turma ouvi um punhado de bandas, que hoje sei que são "estilos", "vertentes" e etc, toda essa conversa de gente que manja de som.
Ao mesmo tempo eu ouvia, em casa, meio que às escondidas, um doidão que sumiu pela
Índia e voltou, com a cítara e a tabla; ouvia também o já mencionado velho barbudo, o que irritava a supracitada namorada.
Depois, acho que meus ouvidos tavam cansados de tanta pauleira, que procurei algo mais calmo e mais linear pra ouvir nos fones de ouvido...descobri um paulistano que andava de skate e que fazia umas letras rimadas certinho, com uma métrica espetacular e cheias de elementos bem cotidianos.
Daí conheci mais coisa que brasileiro fazia, com pandeiro, violão e palavras, também bunito que só. Conheci três gatonas, balzacas que cantavam músicas que pareciam do tempo da minha vó. E também uns caras do sul que faziam música que se cantava dando risada e falando palavrão.
O mestre das festas universitárias do nordeste também tocou lá em casa, irritando e acordando muita gente, por sinal. Do nordeste e centro-oeste também ouvi um bom punhado de bandas bacanas pra danar! E aqui em BH descobri mais um maluco de NY que misturava faixas e mais faixas e trechos de vídeo e oscambau, bão tamém! E na sequência descobri um que fazia parecido e até melhor ao vivo, aqui perto de casa e com um controle de videogame.
Disso eu fui parar na Jamaica, ouvindo música boa e cheia de chiados, em disquinhos pouco maiores que um cd - que era o que havia de melhor em "primor e qualidade" na época dos cabeludos. Esses pratinhos de vinil, com uma faixa de cada lado, rapaz, que sonzera tem ali! E dali de volta pros negão dos trompete, foi um pulo. Nessa veio outro paulistano que rima e improvisa com uma facilidade sem igual, e que canta palavras bonitas que dá vontade de ter uma namorada pra usar os versos dele pra ela.
Apareceram também umas minas, bonitinhas, com vozes bem legais, uma tocando harpa, outras violão e cantoria. Uns quatro ou cinco, ou seis negrões, tocando sem ligar na tomada, e por aí tô indo...
Bom, isso é o que eu consegui me lembrar e o que consegui descrever, porque teve nesse meio tempo, uma caçambada de som que acabo de me lembrar, mas que não sei como descrever. Engraçado como a gente ouve tanta coisa, esquece outro tanto...e quando se dá conta, já ouviu coisa pra caramba!
E quanto a você?"
domingo, 1 de agosto de 2010
Chega.
"tem hora que tudo cansa e desgasta. Palavras dispensáveis criando situações desnecessárias. Mal-estar, chateação e vontade de chorar, sem motivo, apenas pelos acontecimentos que resolveram acontecer.
Uma ausência que não se traduz ou se mascara. Uma e várias faltas que se apresentam a cada momento, gerando tristezas e engasgos que não têm nome por quem sejam resolvidos. Essa é a falta, um ombro, abraço, encosto, colo. Falta isso e a cada dia finjo que aprendo a lidar com tal problema. Quero, queria um outro coração, outro diafragma do qual eu pudesse acompanhar o subir e descer das costelas. Um jogo de dedos que apertasse aos meus com força e seriedade. Um par pálpebras que eu pudesse fechar com um, dois ou três beijos roubados.
Me falta alguém a quem roubar beijos.
Só."
P.s.: por enquanto cansei disso, não é nada pessoal.
outro
"Engraçado como surgem mudanças tão significativas de uma forma tão suave. Coisas e acontecimentos que te puxam de dentro do marasmo que deixamos que se forme de tempos em tempos. Nos levam à superfície de nossos olhos, os quais esquadrinham todo o horizonte em busca do conhecimento.
Trazem para perto certezas, decisões e coragens.
Nos botam cara a cara com a vida, para que paremos com a mediocridade de negar os desafios que aparecem.
Aos poucos percebemos que o mundo não é justo. E que também não é injusto. Apenas é.
Caberia a nós julgarmos os resultados? Adequá-los à nossa conveniência?
Fazemos isso sempre, na esperança de um entendimento imediato do desenrolar dos fatos, o que nos faz amaldiçoar aos quatro ventos toda nossa existência.
Demora para que as coisas tomem seu formato devido.
E demora ainda mais para que nós, inquietos e teimosos, percebamos o lugar de cada uma dessas coisas e a sequência que todas elas formam."
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