quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

"Precisava sair, mas estava com medo de encontrar, por acaso, quem ele não queria. Queria mas não queria, queria mas sabia que não devia.
Embatucado com a questão, saiu, temeroso porta afora, como um animal que sai de sua jaula pela primeira vez. Saiu, decidido a tomar caminhos diferentes dos usuais.
Talvez tenha sido isso que lhe pôs um sorriso novo na cara. Tal como o animal recém saído da gaiola, agora eram as surpresas em potencial que lhe agradavam. Ansioso e inquieto, seguiu em frente, quase inconsciente, rumo a seu destino. Ruas, casas, árvores e calçadas diferentes. Pessoas, cachorros e até o canto dos passarinhos se mostrava novidade.
Aonde ia já não tinha mais importância, o fim era simplesmente o ato de ir, o caminho.
Seguiu em paz, contornando quarteirões e praças, ouvindo as rotinas de vizinhanças desconhecidas. Outros horários de almoço, outras melodias nos rádios, outras crianças dando risadas.
Sentiu como se tivesse mudado de cidade, de estado. Sentiu-se livre e anônimo. Sentiu-se por completo.
Se chegou a seu destino, nem mesmo ele saberia dizer. Agora seu destino não era apenas um; eram todos os possíveis, todos os pontos que pudessem ser chamados de "aonde ir" e que merecessem uma pausa. Mercearias, lojinhas de badulaques e botecos se apresentavam e convidavam. A vida em si, parecia mais animada por aqueles lados.
Você ainda pode encontrá-lo, hoje ou amanhã, por algum caminho que esteja seguindo. Se o vir, mande um abraço meu."

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