"Mais uma vez contradigo a mim mesmo aqui. Falei que não ia falar, mas não tem como. Aqui é minha igreja, onde curo minhas feridas. Onde transbordo e deságüo.
Hoje passei raiva, de verdade, raiva de gerar rancor e de atrapalhar seu dia, estragar seus planos. Vinda de um lugar onde se esperaria pessoas menos ligadas a tantas vaidades. De pessoas que se mostraram não-pessoas. E se mostraram idênticas ao restante dessa raça nojenta na qual tenho que me incluir. Tenho que me categorizar.
Hoje repensei continuamente se é isso que desejo para mim...me agregar a essa corja suja, egoísta e falsa, que domina o horizonte das perspectivas. Repensei tudo, repensei o não desistir, o não se deixar abalar. Repensei a maturidade e a coragem, que acabam levando tudo ao ponto onde está agora. Vi exemplos claros da inversão do básico que meus avós e pais e amigos me ensinaram - respeito. Agradeço por ter nascido, crescido e convivido com pessoas com quem pratiquei esses conceitos abstratos e esquecidos.
Repensei a lógica das coisas, a lógica dos cotidianos e a insuportável e cansativa cultura do receio, do pé atrás, do comedimento. Vi rostos perderem a cor e gargantas engolirem em seco a partir do momento que levantei a mão. Vi sorrisos se desfazerem em "não-acreditos" e "como-assins".
Vi caras de velório, de segundo lugar em copa do mundo - caras de não saber onde enfiá-las. Caras de conhecimento prévio somadas a medo e apatia. Somadas a dependências e recomendações. Algumas caras de puro não-entendimento.
Também vi olhares de consternação e surpresa; vi alguma inquietação, mas não me atrevo a atribui-la a minhas colocações. Ou minhas heresias, a quem couber.
Chorei de raiva, lágrimas grossas, lentas. Frente ao único porto que avistei (e que se mostrou seguro). Porto que se mostrou um igual. Se mostrou mais humano, menos terreno e soldado a peças e publicações.
Infelizmente é isso o que tenho. Tenho uma passarela, uma casa de espelhos, uma fogueira das vaidades, onde se faz amizades, e também, colaboradores. Onde sua vivência pessoal, sua pessoa e seus sentimentos não valem, contam ou fazem sentido, com raras e sorridentes exceções.
Tenho também um livro não-escrito, cheio de páginas difíceis de ler, mas que me grudam e me fazem teimar.
Não sei minhas decisões futuras. Como já disse, repensei muita coisa e sinto que muitos de meus receios prévios se mostraram fundamentados. Senti que posso continuar do mesmo tamanho, sem preocupar com falta ou insuficiência.
Sejamos melhores calados e fazendo o bem.
Deve bastar."
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