"Dia estranho e calorento. Boa vontade matinal derrubada por gente imbecil. Bom dia ao trocador, bom dia à moça que se sentou ao lado, bom dia ao porteiro e ao segurança. Bom dia ao restante.
Por um tempo durou o sol morno a aquecer as costas, o cheiro do café ali embaixo e a passarinhada fazendo rasante na cabeça da gente.
A mesquinhez se mostra assim que raia o dia. E parece que só eu a vejo. E mostrá-la aos demais causa surpresa. Mesquinhez tornou-se, de tão comum, algo alienígena, novo, quase herético. Absurdo alguém falar disso!
Mas é. Está e faz questão de gritar para chamar atenção, por mais feia que seja. Como dizem, é feia, mas é gostosa - atrai todos a se pegarem com ela.
Bom, o estrago já estava feito e durou o resto do dia, infelizmente e por mais que tentasse arrancar um sorriso e quebrar as pernas desse estorvo.
Bom, o que piora isso é que falta, já cansei de me queixar aqui, alguém. Alguém, que nem o tiozinho do balcão de classificados. Alguém para quem se possa resmungar disso. Resmungar de como as pessoas podem ser sacanas e estragar seu dia num piscar de olhos, sem motivo, só para satisfazer seus malditos egos.
Eu já devia estar acostumado a tudo isso, mas a eterna crença na mudança de paradigma da humanidade sempre me passa rasteira. Normal. Vou me acostumando. Só que seria melhor ir acostumando com alguém por perto pra poder comentar como as coisas continuam tudo na mesma toada.
Bom, no fim das contas, é o que vi hoje: continuamos escrevendo sobre finais felizes. Não importa o que acontecer(depois toma rasteira e reclama)."
Nenhum comentário:
Postar um comentário