"Na conversa ao vivo tem sorriso e olhares, que são fundamentais pro entendimento das coisas todas, sabe?
Foi assim que tentou resumir sua vontade de estender as conversas que vinham tendo, que vinham fazendo acontecer de uma forma tão sutil e espontânea que nem chegava a lhe tirar o foco, como usualmente acontecia. Pelo contrário, lhe dava foco e rumo.
Tem feito assim; usando o foco que surge disso tudo, disso tudo na sua vida, que passou a se encaixar, pra levar adiante suas pernas, tocar o céu com outros dedos. Desde que descobriu que os gritos das crianças evaporam em cores diferentes no ar calorento de uma tarde de interior, não para de pensar nas suas tardes de infância. Suas tardes de interior, com seus devaneios inexplicáveis com brinquedos inverossímeis. Nessas tardes ele acompanhava o movimento do sol por sobre os dois prédios, depois por cima dos muros, onde ele subia pra ver até onde conseguiria acompanhar tamanha presença.
Desse alto daqueles muros, ele vislumbrava novos mundos, novos quintais com novas vós estendendo roupa ou colhendo couves na horta.
Novas hortas também. Nessas ele colhe sorrisos e olhares que brotam antes ou depois da chuva."
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