terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Sobre outros meios de se ser

"Buscando sossego e rumo em meio a tanta memória, buscando que lhe abram as portas e o peito. Isso não acontece nunca, e doi constatar isso. O peito e as portas entre mais todas as coisas passíveis de serem abertas, quem abre é cada um que resolve não dever ou precisar permanecer no mesmo lugar. Quem abre é aquele que cansou da repetição e da dureza das saudades e memórias que coçam os dedos e incham os olhos. Quem abre é um por um, indo e vindo, deixando ir e fazendo vir. Quem abre é quem resolve andar sozinho e descalço. É quem grita por dentro, deixando sair a angústia num misto de suspiro e sorriso. Abre aquele que resolve ser outro, ser além do mais um, do mesmo. Abre portas para si mesmo e, ao passar por estas, deixa-as destrancadas, ou até mesmo entreabertas. Uma fresta para quem mais precisar poder usar, nem que seja para sentir o ar novo que vem dali, trazendo, talvez, coragem para abrir sua própria porta."

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