quinta-feira, 9 de setembro de 2010

setembro e chuva fingida




"Outro dia falei sobre um dia de tarde, onde senti cheiro de pitanga e jabuticaba. Pra provar tenho a foto, das primeiras temporonas, apressadas em aparecer.
Já as pitangas são menos afoitas, mas nem por isso menos urgentes, já que mal nascem, maduram rápido, traduzindo o cheiro das flores em cheiro de fruta madura. Ambos lindos, ambos, me desculpem os mais puristas, um tesão.
Cheiro de pitanga, em flor, eu já vi em perfume de grife. De jabuticaba, só em pote de mel na beira da estrada, pareado aos de laranjeira e eucalipto.

Mas bom mesmo, bonito de se presenciar, é cheiro de fruta nas mãos ou na boca de algum alguém (que de novo não sei nome), quando a jabuticaba estala entre os dentes e o céu da boca. Aroma forte de quando a pitanga deixa melar aquele suco sangrento e cheiroso do momento da polpa mordida. Nessa hora eu sempre, invariavelmente, olho pro céu, que invariavelmente está dum azul, sem fim.
Nessa hora eu percebo, bobo, que estou sozinho, sentado no chão, de pernas cruzadas, falando com os papagaios, lambendo os dedos manchados de vermelho-açucarado."

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