"Choveu de novo. E mesmo estando sozinho, desacompanhado de olhos e ombros para ver e tomar essa chuva, igual uma vez que criei chuva com olhos fechados.
Enquanto chovia eu descobri música boa. Essa música é tão, mas tão bacana, que me remeteu imediatamente à janela, para ver cair a chuva e sentir o cheiro que subia e que todos comentavam.
Da janela então eu vi, no outro prédio, e em outra janela, que mais alguém olhava a chuva, abestado e talvez agradecendo em silêncio a lavação da cidade. Deu um jeito de se sentar e apreciar as gotas respingando nas lâmpadas da garagem. De repente, enquanto eu me perguntava qual seria seu nome, como que se tivesse ouvido meus pensamentos, escuto: "Minhau."
Agradeci em dobro da janela daqui, dando um "oi" sussurrado pro novo amigo, que ainda não descobri o nome. Até lá seu nome vai ser Minhau."
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Assim mesmo, confuso.
"Tenho estado pensativo de novo mas, ao mesmo tempo, gostaria de não estar. Nem assim nem aqui, dessa forma. Gostaria talvez, de estar longe, no tempo e no espaço, pra frente ou para trás.
Só não queria encarar as coisas da forma como elas vêm surgindo. Uma forma incômoda, pedante. Coisas que só fazem ver que há algo de errado, em algum sentido das coisas e pessoas. E pior ainda, esses acontecimentos só reforçam o que sempre tive e tenho em mente; que pessoas decentes não se portam de tal e tal forma, que faço o bem, mesmo que involuntariamente e sem esperar recompensas, que sei que nunca vêm. Tudo que deveria me trazer tranquilidade, conforto ou algum tipo de sensação de dever cumprido só me volta os olhos para as falhas que acabam por surgir.
Não entendo mais. O errado está naquilo que fere, desconsola e tira o sossego ou reside nas ações que surgem apenas delas mesmas. No bem que simplesmente dá um passo para fora da varanda onde senta quieto, esperando sua carona? Tem hora que tudo isso parece bagunçado e fora de lugar.
Pedir música para comemorar suas conquistas que colocam à mostra as maiores falhas e dependência de atenção? Pensar que seus conselhos, por sinceros que sejam, mostram-se mais eficientes se vistos depois de dados. Revistos. Ver que muitos dos problemas que pedem tais conselhos não passam de uma falta deslavada de vergonha na cara. Daquelas que gera uma bronca da tia ou da professora: "Sossega, moleque!"
Tudo cansa, desanima. Tudo, ao mesmo tempo, pede uma conversa longa, sem hora para acabar, num sofá, varanda, mesa de bar ou dentro do carro. Uma conversa que sirva de combustível para conhecer todos os quarteirões do bairro. Todas as ruas do centro daquela cidadezinha pacata.
Nesse momento falta o ouvido a completar o trajeto das palavras, as mãos e os dedos para segurarem um ao outro e não deixar que percam o rumo, já que pisariam em nuvens. Os olhos para certificar com silêncio o entendimento da queixa, da dúvida.
E, por fim, a boca com sorriso em flor.
Fim que pode ser um começo, vai saber..."
Só não queria encarar as coisas da forma como elas vêm surgindo. Uma forma incômoda, pedante. Coisas que só fazem ver que há algo de errado, em algum sentido das coisas e pessoas. E pior ainda, esses acontecimentos só reforçam o que sempre tive e tenho em mente; que pessoas decentes não se portam de tal e tal forma, que faço o bem, mesmo que involuntariamente e sem esperar recompensas, que sei que nunca vêm. Tudo que deveria me trazer tranquilidade, conforto ou algum tipo de sensação de dever cumprido só me volta os olhos para as falhas que acabam por surgir.
Não entendo mais. O errado está naquilo que fere, desconsola e tira o sossego ou reside nas ações que surgem apenas delas mesmas. No bem que simplesmente dá um passo para fora da varanda onde senta quieto, esperando sua carona? Tem hora que tudo isso parece bagunçado e fora de lugar.
Pedir música para comemorar suas conquistas que colocam à mostra as maiores falhas e dependência de atenção? Pensar que seus conselhos, por sinceros que sejam, mostram-se mais eficientes se vistos depois de dados. Revistos. Ver que muitos dos problemas que pedem tais conselhos não passam de uma falta deslavada de vergonha na cara. Daquelas que gera uma bronca da tia ou da professora: "Sossega, moleque!"
Tudo cansa, desanima. Tudo, ao mesmo tempo, pede uma conversa longa, sem hora para acabar, num sofá, varanda, mesa de bar ou dentro do carro. Uma conversa que sirva de combustível para conhecer todos os quarteirões do bairro. Todas as ruas do centro daquela cidadezinha pacata.
Nesse momento falta o ouvido a completar o trajeto das palavras, as mãos e os dedos para segurarem um ao outro e não deixar que percam o rumo, já que pisariam em nuvens. Os olhos para certificar com silêncio o entendimento da queixa, da dúvida.
E, por fim, a boca com sorriso em flor.
Fim que pode ser um começo, vai saber..."
domingo, 19 de setembro de 2010
Caraça, nove e tantas da noite
" O lobo não veio. E isso causa em todos os presentes um enorme sentido de frustração. Descarregam no próprio lobo suas reclamações, à falta de um serviço de atendimento ao consumidor. Consumidores, usuários, usurários, onerários do valor natural das coisas. O lobo deve vir. É sua função, antes de ser - mau ou guará - servir aos caprichos do irmão mais velho que esqueceu sua condição.
Esqueci também. Faço parte dessa turma de esquecidos. Mas quero frisar aqui que tento me lembrar sempre do que, em essência, fui e somos. Das formas de ver, de se ver, que permeiam e entranham-se em nós, e que nos esquecemos de usar no dia a dia.
Vejo como somos tentados a nos envolver em tal balbúrdia e nos negarmos a fazer o simples, o que se tornou incomum e imprevisível. Fazendo o incomum surpreendemos e assustamos. Impressionamos mascarando. Ocultando a impressão que porventura tentaríamos passar, permitindo que as visões e vivências alheias definam nossos gostos e funções. Definham, se conseguirmos ver dessa forma, as forças que os passos nos deram, fazendo ruir toda nossa confiança - em nós e nos demais.
Reviramos os olhos buscando ao redor um lampejo de firmeza. Um degrau de pedra lavrada que sustente a força que somos e temos à disposição. Que nos torne, ao toque, também um degrau para quem quer que precise de apoio. Seja para subir e olhar além, seja para se manter no mesmo posto e prepara-se para a sua vez de ser pedra, água, montanha..."
Esqueci também. Faço parte dessa turma de esquecidos. Mas quero frisar aqui que tento me lembrar sempre do que, em essência, fui e somos. Das formas de ver, de se ver, que permeiam e entranham-se em nós, e que nos esquecemos de usar no dia a dia.
Vejo como somos tentados a nos envolver em tal balbúrdia e nos negarmos a fazer o simples, o que se tornou incomum e imprevisível. Fazendo o incomum surpreendemos e assustamos. Impressionamos mascarando. Ocultando a impressão que porventura tentaríamos passar, permitindo que as visões e vivências alheias definam nossos gostos e funções. Definham, se conseguirmos ver dessa forma, as forças que os passos nos deram, fazendo ruir toda nossa confiança - em nós e nos demais.
Reviramos os olhos buscando ao redor um lampejo de firmeza. Um degrau de pedra lavrada que sustente a força que somos e temos à disposição. Que nos torne, ao toque, também um degrau para quem quer que precise de apoio. Seja para subir e olhar além, seja para se manter no mesmo posto e prepara-se para a sua vez de ser pedra, água, montanha..."
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
setembro e chuva fingida
"Outro dia falei sobre um dia de tarde, onde senti cheiro de pitanga e jabuticaba. Pra provar tenho a foto, das primeiras temporonas, apressadas em aparecer.
Já as pitangas são menos afoitas, mas nem por isso menos urgentes, já que mal nascem, maduram rápido, traduzindo o cheiro das flores em cheiro de fruta madura. Ambos lindos, ambos, me desculpem os mais puristas, um tesão.
Cheiro de pitanga, em flor, eu já vi em perfume de grife. De jabuticaba, só em pote de mel na beira da estrada, pareado aos de laranjeira e eucalipto.
Mas bom mesmo, bonito de se presenciar, é cheiro de fruta nas mãos ou na boca de algum alguém (que de novo não sei nome), quando a jabuticaba estala entre os dentes e o céu da boca. Aroma forte de quando a pitanga deixa melar aquele suco sangrento e cheiroso do momento da polpa mordida. Nessa hora eu sempre, invariavelmente, olho pro céu, que invariavelmente está dum azul, sem fim.
Nessa hora eu percebo, bobo, que estou sozinho, sentado no chão, de pernas cruzadas, falando com os papagaios, lambendo os dedos manchados de vermelho-açucarado."
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
né?
"É tanta coisa que tem me acontecido que ainda estou digerindo e organizando tudo. Isso me atrasa pra escrever, já que alguma coisinha que não sei o nome nem de onde vem me vive me dizendo para pensar primeiro, e depois escrever algo. Não faz sentido.
Essa coisa-sem-nome parece achar que precisa-se planejar para escrever algo legal. Não sei de onde tirou essa idéia. Besta.
Mas o que é verdade é que nessas últimas duas semanas só ganhei surpresas.
Tem hora que me pego olhando de cima, meio que como desse para ver o alinhamento das coisas; como se desse pra ver tudo se ordenando, chegando no lugar.
A cada dia uma novidade, seja em forma de notícia, conversa, cerveja ou sapo gordo num brejo inesperado.
Pode ser também um sapiquinho pequeno, pequeno, do tamanho da unha da gente, um pastel de siri ou um filme bacana que bota pra pensar.
E pode ser tudo isso junto.
Juntado com acordar às cinco da matina e ir dormir às 4 da outra matina, num dia cheio de coisas para serem feitas, com olhares que te guiam para sorrisos que te botam pensando como seria bom dar um beijo na boca que contém esses sorrisos, fazer cafuné nos cabelos que emolduram o rosto onde mora a boca e abraçar aquele todo com uma gentileza firme que dê vontade de se recostar e aproveitar o abraço durante uma tarde lenta, morna e luminosa."
Essa coisa-sem-nome parece achar que precisa-se planejar para escrever algo legal. Não sei de onde tirou essa idéia. Besta.
Mas o que é verdade é que nessas últimas duas semanas só ganhei surpresas.
Tem hora que me pego olhando de cima, meio que como desse para ver o alinhamento das coisas; como se desse pra ver tudo se ordenando, chegando no lugar.
A cada dia uma novidade, seja em forma de notícia, conversa, cerveja ou sapo gordo num brejo inesperado.
Pode ser também um sapiquinho pequeno, pequeno, do tamanho da unha da gente, um pastel de siri ou um filme bacana que bota pra pensar.
E pode ser tudo isso junto.
Juntado com acordar às cinco da matina e ir dormir às 4 da outra matina, num dia cheio de coisas para serem feitas, com olhares que te guiam para sorrisos que te botam pensando como seria bom dar um beijo na boca que contém esses sorrisos, fazer cafuné nos cabelos que emolduram o rosto onde mora a boca e abraçar aquele todo com uma gentileza firme que dê vontade de se recostar e aproveitar o abraço durante uma tarde lenta, morna e luminosa."
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